Um levantamento do Departamento de Economia do Bradesco, junto a bancos de dados americanos, permitiu uma visão bastante objetiva do tamanho da encrenca da crise hipotecária norte-americana. O consumo das famílias responde por 70% do PIB americano. Nos últimos anos, cresceu à razão de 3% ao ano.
Por Luis Nassif
Um balanço das famílias americanas – com a profusão de dados que caracteriza a cultura do país – revela o seguinte:
Dentre os ativos (os bens) das famílias, 31,2% são imóveis – representando um total de US$ 22 trilhões; 5,6% bens duráveis; 62,9% ativos financeiros. Do passivo total, 73,1% (ou US$ 10,5 trilhões) são de crédito imobiliário; 17,7% de crédito ao consumo.
Os imóveis são importantes, também, como garantia para novos financiamentos. Portanto, tem um efeito multiplicador sobre o crédito.
Desde o último trimestre de 2003 – segundo os estudos do Bradesco – a riqueza real das famílias subiu 20%, mesmo sem ter havido aumento da poupança. Hoje em dia, as famílias americanas consomem 96% da renda disponível – patamar mais baixo da história. Portanto, o aumento da riqueza foi decorrência exclusiva da valorização dos ativos, do “boom” dos imóveis, o mais forte dos últimos cem anos.
Agora, se terá a queda mais forte, também dos últimos cem anos. E aí o futuro fica cercado de interrogações. Se os preços caírem 20% em relação ao pico, mais a redução de outros ativos, como ações, a relação riqueza/renda cairá de 5,6 para 4,8 vezes – um tombo considerável.
Mais: com a queda nos preços dos imóveis, grande parte deles ficará com valor inferior ao do financiamento. Em um primeiro momento, as famílias relutam em abandonar os imóveis – por problemas de auto-estima. À medida que vêem os vizinhos largando e percebem que a crise é geral, a tendência é um crescimento exponencial da inadimplência. Se todos os mutuários, cujo valor do financiamento superou o dos imóveis, desistir do seu contrato, o rombo será várias vezes maior que a soma do capital dos bancos americanos.
Esse é o risco a ser combatido.
Apesar de ainda não ter definida a extensão da crise, o mercado projeta alternativas – todas elas indolores – para superar a turbulência que se arrasta nos Estados Unidos. Em reportagem da BusinessWeek, a revista considera três políticas a serem implementadas para dar maior segurança à economia. São elas: medidas agressivas do Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano) para combater a falta de liquidez, um pacote de resgate de mutuários inadimplentes e ajuda às instituições de crédito para descongelar o mercado.
Não apenas isso. Com a inadimplência, cria-se um rombo nos financiamentos imobiliários. Por extensão, aumenta o rombo das operações de “subprime” (as operações financeiras baseadas nos financiamentos). A cobertura de prejuízos obrigará à venda de ações, derrubando os mercados – como está acontecendo. E, agora, contaminando inclusive o mercado de commodities – até então, o porto seguro da crise.
O mundo está entrando na mais grave crise da sua história desde o crack de 1929.
Fonte: Blog do Nassif
Dentre os ativos (os bens) das famílias, 31,2% são imóveis – representando um total de US$ 22 trilhões; 5,6% bens duráveis; 62,9% ativos financeiros. Do passivo total, 73,1% (ou US$ 10,5 trilhões) são de crédito imobiliário; 17,7% de crédito ao consumo.
Os imóveis são importantes, também, como garantia para novos financiamentos. Portanto, tem um efeito multiplicador sobre o crédito.
Desde o último trimestre de 2003 – segundo os estudos do Bradesco – a riqueza real das famílias subiu 20%, mesmo sem ter havido aumento da poupança. Hoje em dia, as famílias americanas consomem 96% da renda disponível – patamar mais baixo da história. Portanto, o aumento da riqueza foi decorrência exclusiva da valorização dos ativos, do “boom” dos imóveis, o mais forte dos últimos cem anos.
Agora, se terá a queda mais forte, também dos últimos cem anos. E aí o futuro fica cercado de interrogações. Se os preços caírem 20% em relação ao pico, mais a redução de outros ativos, como ações, a relação riqueza/renda cairá de 5,6 para 4,8 vezes – um tombo considerável.
Mais: com a queda nos preços dos imóveis, grande parte deles ficará com valor inferior ao do financiamento. Em um primeiro momento, as famílias relutam em abandonar os imóveis – por problemas de auto-estima. À medida que vêem os vizinhos largando e percebem que a crise é geral, a tendência é um crescimento exponencial da inadimplência. Se todos os mutuários, cujo valor do financiamento superou o dos imóveis, desistir do seu contrato, o rombo será várias vezes maior que a soma do capital dos bancos americanos.
Esse é o risco a ser combatido.
Apesar de ainda não ter definida a extensão da crise, o mercado projeta alternativas – todas elas indolores – para superar a turbulência que se arrasta nos Estados Unidos. Em reportagem da BusinessWeek, a revista considera três políticas a serem implementadas para dar maior segurança à economia. São elas: medidas agressivas do Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano) para combater a falta de liquidez, um pacote de resgate de mutuários inadimplentes e ajuda às instituições de crédito para descongelar o mercado.
Não apenas isso. Com a inadimplência, cria-se um rombo nos financiamentos imobiliários. Por extensão, aumenta o rombo das operações de “subprime” (as operações financeiras baseadas nos financiamentos). A cobertura de prejuízos obrigará à venda de ações, derrubando os mercados – como está acontecendo. E, agora, contaminando inclusive o mercado de commodities – até então, o porto seguro da crise.
O mundo está entrando na mais grave crise da sua história desde o crack de 1929.
Fonte: Blog do Nassif
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